Sou uma “sacióloga” desde que comecei a contar histórias sobre o Saci. Foi preciso me especializar, pois contar histórias não é uma coisa por acaso. Pode até ser para algumas histórias. Mas aquelas que falam da mitologia brasileira, tão rica, não podem ser recontadas sem um estudo mais apurado das mesmas.
Há pelo menos 15 anos, no Instituto Estadual de Educação, no Dia Nacional do Livro Infantil, 18 de abril, nós, professoras da Escola Anexa – hoje Grupo Meninas da Escola Anexa – levamos os alunos para o Salão Nobre da Escola pela primeira vez para ensinar como prender um Saci na garrafa, segundo Monteiro Lobato.
Minha amiga e também escritora, Maria Lúcia Ribeiro Andrada, trabalhava na apresentação comigo.
Arranjamos emprestada uma peneira de pedreiro, a única que conseguimos naquele dia, e ela tinha uns arames soltos que machucavam. Na hora de jogar a peneira no redemoinho a Maria Lúcia se jogava em cima da peneira para segurá-la com força e o Saci não sair. Era uma confusão danada! E com muitas risadas. As crianças ficavam impressionadas com tanta agitação e queriam ver o Saci de qualquer maneira.
Entre nossas risadas e a curiosidade dos alunos, passamos a repetir a façanha nos anos seguintes. E assim fui sendo estimulada a estudar o Saci e aprimorei os suportes para a contação, criando o “Kit Saci”.
Em 2007 publiquei o livro “Dossiê Saci” pela Lei de Incentivo à Cultura Murilo Mendes/FUNALFA/PMJF. Foi mais um impulso na minha vida de “sacióloga” e, a partir daí, visitei dezenas de escolas em Juiz de Fora e em outras cidades, contando a história do Saci.